Afinal, qual a graça em ser normal?

18/11/14

Hoje a tarde vim a pé do Monumento ao Imigrante até em casa, no Aeroporto, pelo centro. É o que a pessoa faz quando não tem nada pra fazer. O que dá uma caminhada considerável pensando o calor e o movimento da cidade entre 14h e 16h. Dizem os aplicativos de localização algo em torno de 6km. Ainda que é morro abaixo.

Nesse caminho volta e meia cantava sozinho o que tocava nos fones, tocava instrumentos imaginários, parei pra tirar foto de árvores no parque, fiquei parado na rua sem carros esperando o sinal abrir só porque, não sei, mas fiquei esperando; tive que atravessar umas duas ruas no meio porque tinham obras nas calçadas, uma tarde que até podemos chamar de normal.

Normal, talvez. Se não fosse em todos os casos citados ter ao menos uma pessoa que tenha olhado com cara de "o que esse cara ta falando sozinho", ou "moço não tem carro vindo dá pra andar!" em um tom mais agressivo, como se não houvesse a quadra inteira e a pessoa quis ficar atrás de mim pra atravessar a rua, ou quando um grupo de pessoas apontou, riu e balbuciou algo que eu imagino ser "porque esse cara tá tirando foto do céu?", ou quando eu simplesmente atravessei a rua, afinal era a única coisa a fazer, e o cara que vinha atrás destilou toda a sua raiva acumulada do final de semana no pessoal da construção civil, como se eles fossem tampar a cratera aberta na rua só para que ele continuasse na calçada naquele momento.

Eu não sei, mas deve ter sido o Ed Sheeran e o dia de sol, mas em plena segunda-feira um pessoal que só fica falando dos outros, reclamando na rua e xingando desconhecido. Se isso é ser normal, que bom que eu canto sozinho e toco instrumentos imaginários enquanto caminho pelo centro, ser normal não é legal.

As fotos eu ia postar com esse texto, mas fui corrigir uma palavra e apaguei o texto e a foto do celular. Enfim, era uma foto do céu, das folhas de plátano nos Macaquinhos e o sol no meio de tudo isso, amanhã da para repetir. Apenas penso, se hoje é segunda-feira como vão estar esse pessoal na sexta-feira.

Mas como diria o Scracho "Sem pressa pra adivinhar, eu vou jogando o jogo / E com as cores que a vida trás, pintar o quadro novo / Eu quero saber de ser feliz / Tô bem assim! Du du du du / Bateria imaginária" Fim.