O fascínio pelo fogo

atemporal.

O fascínio pelo fogo sempre foi marca da humanidade, e mesmo nos dias de hoje não seria diferente. Seja em uma tribo isolada na Amazônia que se queima cozinhando o almoço, um turista fotografando a erupção constante dos vulcões no Havaí, ou cientistas analisando com tecnologia avançada as explosões solares e reconhecendo novas estrelas na galáxia. 

O fogo, literalmente, faz brilhar os olhos. E também não seria diferente quando se reune amigos ao redor de uma fogueira para cantar, brincar, refletir, ou simplesmente ouvir o barulho do fogo queimando e dos animais ao redor. O fogo em um acampamento faz isso tudo isso, queima na hora de cozinhar, serve de motivo para fotografia, explode a madeira usada, e faz brilhar os olhos de quem optou por sair um pouco da rotina pra ficar em meio a natureza. Foto no acampamento na Ulbra, em Canoas. #escoteiros


Hoje acordei de mal humor e escrevi um texto

04/12/14

Uma vez escrevi um texto sobre o uso das palavrinhas mágicas e como elas são legais. Mas também quero discordar de mim mesmo. Porque as vezes elas são meio porre e no fundo é uma pequena hipocrisia de cada dia. Veja, ninguém é obrigado a acordar de bom humor.

Agora um pouco mais cedo estava fazendo alguns exames de sangue de rotina, com preguiça até de colocar os fones e selecionar que música ouvir enquanto esperava. Eis então que ouvi diversos "bom dia", "bom dia senhor", e ninguém falava isso olhando um para a cara do outro, ninguém falava isso com a intenção de um verdadeiro bom dia, e não havia como saber se realmente cada pessoa estava tendo, ou vai ter, um bom dia. E que conceito de bom dia é esse? Tem sol, temperatura agradável, posso vir trabalhar de bermuda, é um bom dia. Temos sono, tem trânsito, na quadra ao lado o PA Municipal beira ao caos por falta de médico, não é um bom dia.

Quando chegou minha vez a enfermeira "oi, bom dia" "oi." E então perguntou "tudo certo contigo pra tirar sangue?" eu não ouvi direito pedi pra repetir e naqueles milésimos de segundo os neuronios pensando rapidamente  "Tudo certo? Hm. Ta tudo certo. Mas que conceito de certo? Hm... Acho que sim, pra isso que ela perguntou sim". "Sim, tudo ok." Ao final, ela termina de dar as orientações e me sai com essa "fica pronto amanhã, bom dia" o máximo que saiu da minha boca foi um "OK, até logo, obrigado". A orientação moral da vida em no período da manhã dizer sempre bom dia, isso, por incrível que pareça também me incomoda. Sabe, tipo o vídeo do Porta dos Fundos. Talvez seja porque to com sono, porque até então ainda não tinha comido nada, porque... Porque...

A gente se acostuma a viver, no que eu chamo, as pequenas hipocrisias de discursos da vida, e consequentemente se acostuma, ao menos aqui em rede social, postar, ler, ver o que é bom. Viagens, conquistas, festas, coisas de um bom dia. E no fim tudo não passa de alguns segundos registrados de um "bom dia", dia esse de 24h, jogado na timeline alheia, e a impressão que pode passar é de vários e diversos bons, ou nem tão bons assim, dias comuns. É a nossa mania de editar os melhores momentos, e disso sei do que estou falando.

Talvez eu só tenha acordado meio chato. Afinal se olhar pra fora aqui na Estação Férrea, por exemplo, de um lado tem os bares da cidade que a essa hora dormem, mas que mais tarde são o melhor exemplo do  que comentei antes sobre a edição dos "bons dias" que vemos na timeline. Mas do outro têm os trilhos vazio, a grama cortada se recuperando do festival de semanas passadas, umas árvores meio escondidas e um silêncio convidativo pra pensar na vida e continuar escrevendo até encontrar as palavras certas pra iniciar a manhã. Obviamente prefiro o lado de dentro da Estação. Nada contra o bom dia ou qualquer outra expressão maior, mas tem vezes que, como dizem o Gus e a Hazel, serve um O.K, mesmo que com um significado bem diferente do original.

Ah, em algum lugar próximo, acredito que seja na escola de dança, a vizinhança inteira escuta Rather Be do Clean Bandit. Parabéns vizinho, mantenha o som alto com música boa que ajuda a ter um bom dia, ok. Vídeo do Porta abaixo.


O post sobre o bom uso das palavrinhas mágicas, porque se contradizer é normal, ou deve ser. Pode ler aqui


Gabriel acordou de mal humor e com preguiça,
escrever e ouvir Clean Bandit melhorou consideravelmente a manhã.


Afinal, qual a graça em ser normal?

18/11/14

Hoje a tarde vim a pé do Monumento ao Imigrante até em casa, no Aeroporto, pelo centro. É o que a pessoa faz quando não tem nada pra fazer. O que dá uma caminhada considerável pensando o calor e o movimento da cidade entre 14h e 16h. Dizem os aplicativos de localização algo em torno de 6km. Ainda que é morro abaixo.

Nesse caminho volta e meia cantava sozinho o que tocava nos fones, tocava instrumentos imaginários, parei pra tirar foto de árvores no parque, fiquei parado na rua sem carros esperando o sinal abrir só porque, não sei, mas fiquei esperando; tive que atravessar umas duas ruas no meio porque tinham obras nas calçadas, uma tarde que até podemos chamar de normal.

Normal, talvez. Se não fosse em todos os casos citados ter ao menos uma pessoa que tenha olhado com cara de "o que esse cara ta falando sozinho", ou "moço não tem carro vindo dá pra andar!" em um tom mais agressivo, como se não houvesse a quadra inteira e a pessoa quis ficar atrás de mim pra atravessar a rua, ou quando um grupo de pessoas apontou, riu e balbuciou algo que eu imagino ser "porque esse cara tá tirando foto do céu?", ou quando eu simplesmente atravessei a rua, afinal era a única coisa a fazer, e o cara que vinha atrás destilou toda a sua raiva acumulada do final de semana no pessoal da construção civil, como se eles fossem tampar a cratera aberta na rua só para que ele continuasse na calçada naquele momento.

Eu não sei, mas deve ter sido o Ed Sheeran e o dia de sol, mas em plena segunda-feira um pessoal que só fica falando dos outros, reclamando na rua e xingando desconhecido. Se isso é ser normal, que bom que eu canto sozinho e toco instrumentos imaginários enquanto caminho pelo centro, ser normal não é legal.

As fotos eu ia postar com esse texto, mas fui corrigir uma palavra e apaguei o texto e a foto do celular. Enfim, era uma foto do céu, das folhas de plátano nos Macaquinhos e o sol no meio de tudo isso, amanhã da para repetir. Apenas penso, se hoje é segunda-feira como vão estar esse pessoal na sexta-feira.

Mas como diria o Scracho "Sem pressa pra adivinhar, eu vou jogando o jogo / E com as cores que a vida trás, pintar o quadro novo / Eu quero saber de ser feliz / Tô bem assim! Du du du du / Bateria imaginária" Fim.

Não é que eu tenha te deixado de lado...

querido blog, não é que eu tenha te deixado de lado.

Mas é que depois que tu compra um domínio, e cria um 'site', mas continua escrevendo para blog dentro do site, o que antes era blog acaba ficando meio de lado. E em meio a tantas hastags, facebook, instagram, twitter, tumblr, youtube, linkedin, flickr, e agora site. Ainda não encontrei uma segunda utilidade para esse blog. Mas, tudo tem seu tempo. E eu ei de retornar aqui e ver algo do que fazer, até já tenho uma ideia, porém preciso um tempo pra tirar da cabeça, colocar no teclado e ligar as locomotivas do trem da criação. Oh que bonito! Me despeço com os links abaixo.


Me despeço com dois vídeos, o de apresentação do youtube e da vida. E a música que estou escutando agora que é a alegria de ouvir Clean Bandit. Escutem e sejam felizes.


essa história de infância feliz

dica de música, é só dar play.


agora pode ler o post.

se tem uma coisa que me irrita são esses posts do tipo "criança correndo com bola" ou "carrinho de lomba" ou "crianças jogando taco" e aquela frase "porque naquele tempo era bom", "se você conhece isso você teve uma infância feliz", sério, vão a merda. não tive nada disso e tive uma infância feliz. detesto futebol. nunca joguei taco. e obvio que ia me matar se andasse de carrinho de lomba.

quando bem novo passava tardes e tardes brincando de construir cidades e trânsito e com carrinhos num quarto específico da casa para isso, hoje estou bem preparado para o trânsito e a vida chata da cidade e da falta de mobilidade urbana. depois então descobri o videogame e foram muuuuitas tardes tentando captar o sinal da Atlantida Porto Alegre - porque a de Caxias sempre foi ruim comparada a da capital - enquanto jogava Super Mario 64, Goldeneye 007 e Pokemon, claro, sempre depois de ter feito os temas do colégio.

normalmente no meio da tarde para o final eu durmia, e no final do tarde começava algum jogo novo no Age of Empires, ou The Sims, ou Roller Coaster, e ficava umas três horas jogando, foi ai que aprendi inglês. Depois de um tempo veio a internet, meus sites preferidos eram do Beto Carrero e da Turma da Mônica, sério. Mas o legal dessa época da internet foi descobrir como era trabalhar com um computador que tinha tipo se não me engano 4GB de HD e 256mb de RAM, tem noção disso, eu não. ai eu aprendi o que sei de informática, o básico do ligar desligar cabo, como formatar, limpar, organizar um HD, instalar programas, testar programas, baixar música, e tudo isso com a paciência da internet discada que tinha que usar de madrugada para não ocupar o telefone. isso sim foi uma infância difícil. uma das diversões era fazer programa de rádio no computador com o gravador de aúdio do próprio computador, era uma merda, mas era divertido.

a noite usava para continuar os temas, normalmente a tarde fazia trabalhos que precisavam mais espaço na mesa e sujava a casa, e ia ler alguma coisa, foi ai que Harry Potter abriu um mundo de oportunidades, viagens e conhecimento para a vida.

claro, teve o escotismo que me levou para a rua, ia acampar, fazer jornadas, quase morri na primeira que fez que foi para a gruta da 3Légua. e me lembro também de um acampamento volante para monitores que eu não sei até hoje como cheguei ao fim. aqui na frente de casa também tinha uma árvore que eu vivia subindo, descendo, caindo, dai chovia ou fazia frio e eu vinha para casa jogar videogame, ver TV, ficar na internet e ler. e tinha tambem um terreno baldio no lado de casa, hoje 'a casa do vizinho', que eu ia la volta e meia buscar o cachorro que fugia ou alguma bola perdida de alguma RARA vez em que eu saia na rua com os vizinhos. mas esse contato era tanto que hoje eu não sei o nome deles e só conheço os poucos vizinhos que são conhecidos da família toda, ou então o que levamos para o Grupo Escoteiro e hoje é lobinho.

teve depois uma época, quando eu já saia de casa sozinho, em que eu almoçava na casa da minha tia e dai a tarde resumia-se em almoçar e passar o dia assistindo Fox Kids, de Três Espiãs Demais a Power Rangers, fazer temas e dormir. e então outra época da vida em que eu passava a semana toda na escola, quando ainda não existia aquela história de 'atividade no turno inverso da escola', eu já fazia isso sem precisar. ia para o colégio fazer os temas, marcávamos de fazer trabalho na biblioteca, ninguém queria trazer o pessoal para sua casa, e sempre fomos queridos pelos professores, isso durante o ensino fundamental. tinha o Coral, Orquestra de Flauta, Basquete (acredite, eu fiz basquete), ajudar colegas com uma espécie de aula particular ajudando em algumas matérias, aprendendo a ler partitura e ensaiando, mas sempre foi divertido ir para o colégio de tarde. no ensino médio já começava a história de fazer trabalho na casa dos colegas, principalmente porque nesse período começava a mania de fazer trabalhos em vídeos, o que precisava maior produção - leia-se 'bagunça' - para fazer o trabalho, o que no colégio não dava muito certo. foi ai que conheci o movie maker e bom, o resultado vocês conhecem hoje.

o escotismo é o que permitiu um convívio social maior, afinal colega de turma é colega, amigo é diferente. o que o escotismo oportunizou foram realmente amigos, com aquela confirmação de que companheiros de patrulha na sua infância realmente viram irmãos no futuro. nesse período infanto juvenil escoteiro foram muitas reuniões de patrulha, desde planejar acampamento, jogar videogame, atualizar caderno de patrulha ou simplesmente reunir escoteiros para falar de escotismo, nada muito diferente de hoje. e de uma coisa não tenho dúvidas, se não fosse o escotismo ai sim seria um nerd 100%.

mas em resumo, foi uma infância de muita televisão, videogame, computador, internet, livros, temas, trabalhos, videogame, música, ar livre escoteiro, vida em patrulha, manhãs e tardes no colégio. mas nada dessa coisa que tanto teimam em postar em redes sociais como "infância feliz se não foi assim você não foi feliz". e o que mais irrita é ver gente que hoje tem tipo 13 anos compartilhando isso. sério, 13 anos... com 13 anos eu era feliz fazendo maquete de geografia e história pro colégio.

enfim, sem preciosismos de infância feliz com posts anti-internet. depende muito de cada um. não tive essa vida de brincadeira de rua, fui e sou feliz com o que fiz na infância e realmente me moldou o que sou hoje.  o que escrevi aqui é algo que sempre penso quando vejo esses posts mas nunca tinha colocado 'no papel' e como agora estou procrastinando um vídeo que preciso terminar, achei uma boa opção voltar aqui no blog que precisou quase de uma RCP para voltar.

tchau!